Cachoeira Amanhece mais triste com a Morte do Poeta Damário da Cruz

Morreu na Madrugada de Hoje no Hospital Jorge Valente, em Salvador, o poeta e jornalista Damário da Cruz. O corpo do poeta será velado no salão Nobre da Câmara de Vereadores de Cachoeira.

TODO RISCO.

A possibilidade de arriscar

é que nos faz fortes

vôo perfeito

no espaço que criamos

Ninguém decide

sobre os passos que evitamos

certeza

de que não somos pássaros

e voamos

tristeza

de que não vamos

por medo do caminho.



[Damário da Cruz]

Biografía de Damário Dacruz por Miguel Carneiro


“Sua criação inclui versos duros que atingem o alvo de toda essa desordem instaurada no país pela gangue palaciana. Para essa gente, poetas só são 'os zezés de camargos e lucianos cantando dor de corno', ou 'os gilbertos gils da mediocridade', que lambem os sujos sacos e aceitam suas malas de dinheiro como forma de patrocínio:
"Quanto mais eu sonho com Cachoeira mais amanheço em Nove York" Quem o diz é Damário.

Poetas vivos brasileiros não passam de cerca de oito mil num universo em que a totalidade da população brasileira atinge a casa dos cento e oitenta milhões de habitantes. Mas aqueles que com o seu sacrifício adquirem o pão nosso de cada dia com a sua poesia não chegam a quatro ou cinco.

No entanto, contrariando esses dados de uma sociedade perversa e neoliberal, está estabelecido na estrada desse campo literário o poeta cachoeirano Damário da Cruz, que há trinta anos faz poesia de primeira plana, alheio à safadeza capitalista.

Conheci-o em décadas passadas, quando com Daniel Cruz Filho e meu amigo Márcio Salgado, poeta também lá de Monte Santo, autor de Indizível, lançaram uma coletânea na Facom, ainda no bairro do Canela, dali o poeta Dámario saiu diplomado.

Da Cruz já viu o mundo. Fotógrafo premiado, percorreu vários países captando na lente de seu olhar paisagens e gentes. No Pouso da Palavra, em sua terra natal, mantém um espaço cultural, abrigando conterrâneos e turistas, ávidos por cultura genuína, brasileira. O poeta faz parte da irmandade dos membros do grande templo da linda sacerdotisa Fon, a nossa saudosa e eterna Luiza Gaiaku. E evocar a cidade heróica sem ligá-la a Damário da Cruz, que tanto canta sua aldeia, é cair no lugar comum.

Damário é um poeta paradoxal, dentro da síntese de seus versos, indicadores de brilhos e imantação cuja poesia sintética eclode lírica em meu coração. “

Estará vivo na memória de todos os Cachoeiranos, Descansa em paz Damário da Cruz